O Feminino do Sul e suas falas – Helena Brasileiro

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O Feminino do Sul e suas falas

Helena Brasileiro rompe com o clássico paradigma moderno do Direito, com suas exigências de racionalidade, formalismo, universalidade e masculinidade, para nos conduzir por um caminho que não pode ser interpretado como reformulação, redesenho ou readequação do que havia no passado.

O que a autora nos apresenta é uma teoria do Direito inscrita na pós-modernidade, feminina e feminista, que olha para a justiça por intermédio de uma ética do cuidado cuja singularidade é a de dar conta da dor do Outro.

Gisele Cittadino

Professora de Filosofia do Direito da PUC-RIO


Qual obra inovadora não traz um certo grau de ousadia? Este livro, com certeza, vai esbarrar em reações e incompreensões da dogmática jurídica e da teoria do direito hegemônicas, pois se trata do esboço de um modelo contra-hegemônico de reflexão e estudo da realidade jurídica dentro de uma sociedade sistemicamente complexa, culturalmente heterogênea, pluriétnica e caracterizada pela diversidade de gênero. Nesse sentido, ela propõe um olhar jurídico para o particular e contextual, assim como procura reavaliar o papel dos sentimentos, desprezados pelo império da razão moderna, na solução e análise das questões jurídicas.

Marcelo Neves
Professor de Direito Constitucional na Universidade de Brasília (UnB)

Sobre a Autora:

Nasci Lúcia Helena, do encontro da selva com a justiça, do abandono com o abandono, marinado ao molho de muita vontade de vida, vontade de poder (perdão, Herr Nietzsche); fui Lucinha no primário; no ginásio decidi “crescer” e fui Lúcia Helena, sem muito sucesso, devo confessar; no ensino médio, não tive nome, apenas… sombras do que jamais seria; na UnB, no Direito, fui Lúcia Helena, enfim havia crescido, mas na Filosofia, extinta pela ditadura militar, fui Lucinha apenas para as pessoas especiais… Nem todos deveriam ter acesso às minhas fragilidades, à minha infância sonhando que eu sabia, sabendo e sem saber.
Promotora de Justiça do MPDFT, descobri que a vida do pequeno e do frágil é por demais valiosa, mas que eu não poderia ser mais Lucinha. Assim, Lúcia Helena que fui, que era, converti-me em Helena Brasileiro. Entre o primeiro e este segundo parágrafo, esclareço que fui outra, Outras, muita, muitas e muitos. Vocês que perguntem se quiserem saber.
No doutorado, mais uma vez, perdi o nome, a identidade, a razão de ser e falar… Só sombras do que me escapava mais uma vez com o peso do silenciamento, do cancelamento, da exclusão… até que a maternidade, já em estágio avançado, ensinou-me o imperativo do amor incondicional, o “amar só de sacanagem”, como um comportamento, uma posição cognitiva, uma exigência institucional; tal amor me trouxe até aqui. Voilà, às perguntas!!

 

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